Quíron subiu ao pódio do Freio de Ouro

Esta semana ouvi do ginete ganhador do Freio de Ouro 2017, Adriano Comunello que quando monta o cavalo para uma prova seu objetivo é ir além do que chamamos conjunto, ele quer ser parte integrante do cavalo e atrapalhar o menos possível.

Isso me fez pensar muito sobre essa relação homem e cavalo. Na Grécia Antiga, temos o aparecimento do mito do centauro, uma fantástica criatura, meio homem e meio cavalo. Sob o ponto de vista filosófico, essa alegoria atestava a junção da inteligência que o homem possui ao vigor físico que os equinos dominam tão bem.

Nas pistas em qualquer disputa mais esportiva essa relação de união e sintonia entre a inteligência do bicho homem e a força e vitalidade do animal cavalo resultam nas taças erguidas em pódios de laço, rédea, salto, freio, polo….

Entre os centauros encontramos aquele que ficou conhecido como Quíron, respeitado por seu conhecimento e por ter treinado grandes heróis da antiguidade. Quíron era um semideus que renunciou a própria liberdade para ajudar Prometeu, o que rendeu o respeito e a confiança de Zeus que, generoso, lhe homenageou com a Constelação de Sagitário.

Voltando ao meu amigo ganhador do Freio, que poderia ter se dedicado a engenharia ou a construção, ou mesmo ter sido símbolo primeiro da rédea, onde tantas vitórias também lhe apresentou troféu, completou: “Só ganhei o Freio, pois conhecia profundamente meu parceiro Cambiasso”.

Do alto da sua postura metade homem metade cavalo, na hora mais importante Adriano percebeu um detalhe e a dois conjuntos de sua entrada apeia o amigo e leva PN para aliviar o incômodo e entra na mangueira pronto para a melhor pontuação.

Na Constelação de Sagitário Quíron aparece com a flecha em riste, apontada para o céu. A referência é o esforço humano em busca da ascensão, expressa a vontade flagrante de livrar-se do seu aspecto primitivo.

Quando Comunello reconhece o medo da dor de Cambiasso ele humaniza a relação e tece um tênue, porém resistente fio de confiança e conhecimento. Temos muito a aprender com isso, sem esse elo não venceremos nossas provas e desafios e seremos vencidos pela limitação técnica ou pelo desânimo. Vale lembrar que, mais da metade da vida daquele ginete foi dedicada ao trabalho e foco até a chegada do que tantos ginetes acreditam como prêmio máximo.

A saga de todo herói, com toda a sua dificuldade representa as nossas lutas. É preciso aspirar e respirar nossa vontade de superação, olhar atentamente para o que nos rodeia e entender o todo.

Agradecimento e crédito da bela foto de Fagner Almeida

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